Charles Reeve

Charles Reeve é Jorge Valadas. Nascido em Lisboa em 1945, entrou com 18 anos na Escola Naval para logo descobrir que se tinha enganado na porta. Opositor à guerra colonial, desertou em 1967 para Paris, onde viveu o Maio de 68 ao lado das correntes antiautoritárias, e depois para os Estados Unidos, para acompanhar o movimento contra a Guerra do Vietname. De regresso a França, tornou-se electricista — ofício manual que não lhe comprometia a independência crítica — e começou a publicar os seus ensaios. Fez parte do núcleo dos Cadernos de Circunstância (1969-71) e participou no jornal Combate (1974-78). O Tigre de Papel (1975), obra sobre o capitalismo de Estado na China, põe a nu as injustiças intrínsecas de um sistema que a globalização disseminou. Crónicas Portuguesas (2001) e A Memória e o Fogo (2006), inquietas reflexões de veia libertária, dão uma visão desafogada sobre o quotidiano social e psíquico dos portugueses. O pseudónimo Charles Reeve é uma homenagem a um emigrante escocês, sindicalista-revolucionário condenado em 1916, em Sydney, a dez anos de degredo por sabotar o «esforço de guerra».



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